sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Radiografia do Colapso Americano

     colapso dos EUA, o país mais forte e rico do mundo, expõe a fragilidade do
seu modelo econômico baseado no capitalismo neoliberal armamentista; que
transformou o país, então o maior credor mundial logo após a segunda guerra,
no maior devedor do planeta.
  Por ironia da história, o maior credor atual dos EUA é a China socialista, um
adversário de peso; que tem em seu poder US$ 1 trilhão de dólares em títulos
emitidos do Tesouro Americano.
  Sem o financiamento contínuo desse “adversário”, a economia americana já
teria ido de vez para o buraco. É por essa razão que a Secretária de Estado
americana Hilary Clinton, está redobrando esforços diplomáticos com o
governo chinês, para que ela continue financiando o colossal déficit do tesouro
americano, estimado em US$ 1,75 trilhão, que representa 12,3% do PIB dos
EUA; o mais alto desde a segunda guerra mundial.
  Uma situação potencialmente perigosa para ambos os países; principalmente
porque os EUA ficaram muitos dependentes de capitais chineses,
considerando-se que eles são os seus grandes adversários políticos no leste
asiático.
  Por sua vez, a China corre um sério risco de levar um calote do governo
americano e perder o seu dinheiro investido. Além disso, a China depende
muito das suas exportações para os EUA; pois precisa receber divisas do
exterior que bancarão o seu crescimento econômico acelerado. Daí ocorre uma
dependência mútua muito interessante, na qual o gigante capitalista é refém do
gigante socialista e vice-versa.
  Curiosamente, países como China, Japão, Grã-Bretanha, Brasil e outros que
compram em massa os títulos do tesouro americano, “financiam” a equivocada
política armamentista americana de déficits colossais; por anos seguidos.
Prorrogando assim a decadência do império americano possuidor das
incômodas e ameaçadoras bases militares espalhadas pelo mundo.
A crise americana tornou claro que o potencial das políticas equivocadas
colocadas em prática pelos republicanos das eras Reagan e Bush, se
esgotaram. Não dá mais para o governo continuar trilhando o caminho dos
endividamentos excessivos que financiarão os déficits do tesouro, grande parte
deles por conta do armamentismo exacerbado, que apenas beneficiaram
algumas empresas do setor petrolífero, militar e bancário.
  A mesma política armamentista americana que serviu para desintegrar a
URSS em 1991; com o tempo também transformou os EUA em um gigante
com os “pés de barro”, atolado em dívidas astronômicas; embora o povo
americano não tenha plena consciência deste fato. No entanto, certamente
pagará caro a conta resultante deste equívoco.
   Outrora os EUA eram considerados um porto seguro para o capital global
aportar e prosperar. Então, naquela época era possível encontrar
financiamento fácil para o déficit do tesouro americano, utilizado para sustentar
a monumental máquina de guerra americana. Mas as coisas mudaram e a
própria China comunista através de Wen Jiabao sinalizou que diversificará
suas aplicações do exterior; que em outras palavras que dizer que ela reduzirá
drasticamente a compra de títulos do tesouro americano, por temer futuro
calote. Isso significa que a mamata militarista americana sofrerá um duro golpe.
   Para a felicidade mundial o presidente americano Barak Obama, como já
mencionei, disse que cortará substancialmente os gastos militares para
economizar. Uma decisão acertada e que forçará uma reestruturação
estratégica dos EUA, que certamente terá que abrir mão de seu unilateralismo
militar, para fazer frente a um mundo globalizado e interdependente. Fato este
que ajudará bastante na recuperação da confiança mundial naquele país.
Neste caso, para aumentar ainda mais a confiança e o respeito mundial, um
pedido de desculpa ao Japão pelas bombas atômicas detonadas em Hiroxima
e Nagasaki, seria um bom começo para o governo de Obama. Pois como diz o
ditado popular: “antes tarde do que nunca.”
   Mas as coisas não serão fáceis para os EUA, pois a própria ONU estuda uma
maneira de diminuir a importância do dólar no comércio internacional. Sua
idéia é que algumas moedas fortes sirvam de referência e não apenas o dólar.
Uma proposta muito interessante, mas que não é nova. No passado Keynes já
havia proposto no passado o lançamento de uma moeda mundial, cujo valor
seria baseado na média dos valores de uma cesta de moedas fortes
internacionais.
  A própria China preocupada com o derretimento da montanha de dólares que
possui, propõe a criação de uma moeda internacional, desvinculada de uma
determinada moeda nacional, que seja capaz de permanecer estável ao longo
do tempo.
   Sem dúvida alguma o lançamento de uma nova moeda com aceitação
universal no mercado internacional será muito complexo, pois envolverá muitos
interesses. Contudo é inevitável que isso ocorra num futuro próximo.
Mas uma coisa é certa. As propostas da ONU e da China demonstram o quanto
o poder americano se esvaiu. Mas isso não é ruim para os EUA e nem para o
mundo; muito pelo contrário. O tempo confirmará.

Artigo retirado do livro que escrevi: O Sociocapitalismo - Por um Mundo Melhor. Paulo José F.
Valente – economista e autor independente

Nenhum comentário:

Postar um comentário