Se os EUA tivessem seguido o sábio exemplo de Gorbachev que promoveu o
desarmamento, certamente estariam em melhor situação que hoje; quer do
ponto de vista econômico ou militar. Estariam também mais seguros contra o
terrorismo e certamente contariam com maior confiança mundial.
Para tanto bastaria apenas dar maior autonomia política, militar e econômica
para a ONU. E paralelamente, desencorajar a corrida armamentista dos
exércitos nacionais. Com essa atitude prática e acertada, sobraria muito
dinheiro no mundo para poder aplicá-lo no combate da miséria, da fome, da
ignorância e da corrupção; que tanto atrasam a promoção do verdadeiro
progresso mundial baseado na sustentabilidade, na paz e na justiça social.
Neste contexto a eleição do Obama teve um significado especial para a
contenção da corrida armamentista, não só para os americanos, mas também
para a comunidade internacional; considerando-se que um mundo melhor e
pacífico é a expectativa de todos.
As mensagens do Obama são claras neste sentido:
“O déficit de longo prazo e a dívida que temos são insustentáveis. Não
podemos continuar emprestando (dinheiro) da China ou de outros países.”
E ele continuou:
“Isso significa que estamos hipotecando o futuro de nossas crianças com
mais e mais dívida”.
Para finalizar, Obama fez uma afirmação que resume a sua visão da
importância da colaboração americana para termos um mundo melhor:
“Assumo de forma convicta o comprometimento dos EUA com a paz e a
segurança num mundo sem armas nucleares.”
O presidente Obama tem uma visão clara e objetiva de que o armamentismo
exacerbado do seu país está sugando sangue, trabalho e dinheiro do povo
americano. Por conta disso ele deu andamento em um plano de redução de
gastos militares, que prevê inclusive o fechamento de muitas bases americanas
no exterior.
Essas medidas tomadas acertadamente pelo governo dos EUA retratam
fielmente colapso do império americano ocorrido em 2007; ano em que a
avassaladora crise financeira americana evidenciou ao mundo e aos próprios
americanos, que o enorme rombo no Tesouro dos EUA é insustentável.
Portanto, cortes nos próximos orçamentos do governo terão que ser feitos,
principalmente aqueles gastos inúteis com armas e militares.
O colapso americano tem uma importância histórica impar, pois sinaliza que a
era dos impérios acabou. No mundo atual as “soluções globais” precisam ser
compartilhadas com todos os países. Daqui em diante já não haverá mais
espaços para potências hegemônicas, ditarem sua vontade à força das armas.
Neste sentido, os EUA foram o último império da humanidade. A lista abaixo
constata a vertiginosa queda no tempo de duração de potências hegemônicas,
da imperial que se finda:
Impérios Linha do Tempo Duração / anos
Chinês 2000 a.C. a 1911 d.C. 3.911
Egípcio 3150 a.C. a 30 a.C. 3.120
Romano 753 a.C. a 476 d.C. 1.229
Otomano 1281 d.C. a 1918 d.C. 637
Português 1495 d.C. a 1975 d.C. 480
Espanhol 1519 d.C. a 1898 d.C. 379
Britânico 1600 d.C. a 1945 d.C. 345
Soviético 1922 d.C. a 1991 d.C. 69
Americano 1945 d.C. a 2007 d.C. 62
No contexto global atual, a queda do império americano é especialmente
importante para o fortalecimento da Nova ONU. De forma que daqui em diante
prevalecerá o consenso dos países e não mais a vontade de um determinado
império. Nesse sentido, nenhuma guerra poderá ser declarada unilateralmente;
pois caso contrário representará um ultraje aos demais países da ONU; e
certamente o país agressor receberá pesadas retaliações da comunidade
internacional.
Acredito que o presidente americano Barak Obama tem a consciência
estratégica de que o fim da corrida armamentista necessariamente resultará do
fortalecimento da Nova ONU, com a consequente redução das forças armadas
nacionais. E isso contribuirá bastante na promoção da prosperidade
sustentável e justa mundial. Creio também que o presidente Obama e outros
presidentes que o sucederão, não medirão esforços para ajudar na
consolidação da Nova ONU. E assim eles ajudarão a escrever páginas mais
importantes da história contemporânea.
Artigo retirado do livro que escrevi: O Sociocapitalismo - Por um Mundo Melhor.
Paulo José F. Valente – economista e autor independente
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
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